
"os olhos tristes da fita rodando no gravador
uma moça cozendo roupa com a linha do equador
e a voz da santa dizendo o que é que eu tô fazendo cá em cima desse andor
a tinta pinta o asfalto
enfeita a alma motorista é cor na cor da cidade
batom no lábio nortista
o olhar vê tons tão sudestes e o beijo que vós me nordestes
arranha céu da boca paulista
cadeira elétricas da baiana
sentença que o turista cheire
e os sem amor os sem teto
os sem paixão sem alqueire
no peito dos sem peito uma seta
e a cigana analfabeta lendo a mão de Paulo Freire
a contenteza do triste
tristezura do contente
vozes de faca cortando como o riso da serpente
são sons de sins não contudo
pé quebrado verso mudo
grito no hospital da gente"
De pensar que a primeira música que ouvi deste gênio foi: "Mama Africa". Reencontrei Chico César muito tempo depois e me apaixonei por suas cançoes.
Em 2006 tive a oportunidade de assistir uma apresentaçao dele no Sesc Interlagos. Que figura, sua simpátia é enorme e sua estátura pequena!
Curti pra caramba, havia uma atmosfera mística aquela noite.
Chico César além de ser um grande músico é um grande poeta!
Lástima que boas músicas nao tenham tanto sucesso.
Esta letra que postei é do CD "Aos Vivos", gravado em 1995. Recomendo q ouçam este CD, só voz e violao, gravado ao vivo em SP. Impossível de ouvir sem se arrepiar!
Pra quem tiver interesse de buscar mais detalhes sobre ele:
Nenhum comentário:
Postar um comentário