El Pescado

Sexta-feira de lua cheia, que nao se via porque ainda estava de dia.

E neste dia o destino já estava morto. Mesmo assim foi difícil decapitar-lo, destripar-lo e assar no forno com batatas. Seus olhos seguiam inexpressivos e as escamas brilhavam como se ainda estivesse sendo.

Quando estiver pronto come-lo-ei sem sal com fome e com pesar.

Pies Cansados

Estão no meio da ponte. Nao alcançam ver o final e tão pouco o início.
A parte percorrida até aqui está tapada pela densa neblina do tempo.

Ás vezes, quando o vento sopra com pressa, balançando a ponte, eles se agitam intranquilos buscando a segurança estática.

Estão na metade da meta, sujeitos a conjugação do verbo: eles existem, insistem e resistem. Seguem este aspiralado caminho sem sentido, limitado e infinitamente imenso.

O único ponto de referência é o momento, este fugaz companheiro de uns pés peregrinos em busca do desconhecido.

Quem sabe se no final haverá algo tão novo e extraordinário como tudo o que agora É?

Meus pés ainda doem, mas o pior já passou.

Outono

Manhã de luz tíbia e calor tímido.

Outono: a decrepitute que antecipa e prepara um novo recomeço.

Aqueles caquis doces alaranjados comidos diretamente do pé, colhidos por suas mãos, me deram na boca o gosto do paraíso.

Pouco a pouco os ninhos das andorinhas se desfalecem, seguindo a lógica da vida.

As folhas caem, sem resistência ao vento e a gravidade atraente, com a consciência tranquila, pois sabem que seu papel já foi cumprindo.

Ensinam silênciosa e humildemente aquilo que os homens esqueceram.

Eu, deixo o outono, como os passáros, vou em direção ao calor do seu afeto.