Catarse Primaveril

O céu rugi parindo a chuva que molha e arrefece as entranhas da terra.

Uma libélula bêbada em vôo sem rumo busca um abrigo tranquilo na selva de pedra.

Em seu sonho embriagado, paira suavemente por entre flôres tropicais.

Sua estrutura leve lhe permite percorrer o espaço sem barreiras e o tempo nada mais é o rio que flui sem pressa de chegar.

A tempestade humedece e refresca o asfalto quente e gastado.

A natureza reclama o espaço roubado.

O comprimisso se atrasa, o guarda-chuva quebra, o trânsito pára, a luz se acaba, o casal se ama, a criança observa pela janela, a roupa se lava no varal...

Enquanto a vida se rega e o céu se liberta, a libélula repousa, plena e serena, em seu ser.