DestinAção

Tudo estava tão calmo
até soprar o vento do destino e tirar tudo do lugar;

sentimentos, memórias e esperanças
que repousavam no solo do esquecimento.

Esse vento ninguém controla
É preciso ajustar as velas!

A ponte

Ali adiante
no lugar onde o pensamento alcançou
foi traçado uma ponte
onde um lampejo de receio se formou. 

Lapones Alm, relatos II

Os elementos da natureza nos fascina. Água por todos os lados, fogão a lenha , ar puro e terra fértil. Andar desçalcas e sentir a textura da terra sob nossos pés tem sido uma ótima experiência para mim e para a Sophia. Foi necessário um tempo para se acostumar a essa sensação, mas agora, todos os dias passeamos com nossos pés livres de sapatos. É muito gostoso sentir o barro preto, morno e macio entre os dedos. E isso me faz lembrar que, se nao me engano, tanto a palavra Humano e Humildade possuem a mesma raiz semântica que vem de Humus, terra! Ás vezes pisamos em alguma erva espinhosa, fazemos cara feia e em seguida a dor passa. Em cada caminho tem flores e espinhos. .As pedras aqui brilham ao sol quando estão dentro da água. As que eu mais gosto de pegar são aquelas que além de brilhantes são bem arredondadas. E de tanto tocar e pisar  nas pedras pensei comigo,  quanto maior a pedra melhor ela nos ajuda a cruzar os caminhos. Aqui está a aventura da vida, saber usar os obstáculos ao nosso favor. Assim que, melhor andar descalços que levar pedras nos sapatos.
         Outra coisa que mais me admira é o fato de animais tão grandes e fortes como as vacas daqui se alimentarem apenas de ervas do campo e água! Isso fortalece algo em que eu acredito, que o consumo de carne é algo desnecessário na dieta humana. Pois não só a carne como também outras coisas, consumismo de modo exagerado por não saber diferenciar aquilo que realmente necessitamos daquilo que nos dá prazer. Enfim, o „X“ da questão aqui é, se tivéssemos mais claro aquilo de que realmente precisamos para viver, talvez teríamos uma melhor qualidade de vida. Nos deixamos levar pelos impulsos e afinal trabalhamos uma vida inteira para manter um estilo de vida vazio de coisas essências. Temos muitas coisas, mas somos pouco: pouco solidários, pouco companheiros, pouco felizes, pouco humanos.  E eu sempre tenho que lembrar que „um pouco com Deus é muito e muito sem Deus é nada“. Por isso eu procuro alimentar mais a minha fé do que  a minha conta bancária. Mesmo sem saber definir o que essa entidade denominada Deus significa. Pois para se ter fé não se carece de coisas materias, pois ela cresce em terras áridas, onde não há coisas que se podem ver nem tocar. E assim aprendeu também Thomé a ser um homem de fé.
          


        





















Pra saber de mim


Se vc ainda não me conhece, não se acanhe. Sinta-se a vontade que eu sou quase um livro aberto! Eu estou aqui, caso queira me visitar . Não é preciso avisos prévios. Basta abrir a  capa, que também está sempre aberta. Se você não sabe, eu moro bem ali, entre lápis coloridos e canetas velhas esquecidas em algum lugar. Os pontos de referências são de exclamação e muitos de interrogação. Já os pontos finais se localizam um  pouco antes de virar as folhas, bem antes de uma nova frase começar. Quando você chegar na primeira página dirija-se ao primeiro parágrafo e siga atentamente até o final. Cuidado para não tropeçar nos rascunhos, que ficam ali jogados entre os rabiscos.  Em  caso de dúvidas pergunte ao senhor dicionário por onde continuar, dizem que ele sabe o significado exato de todas as palavras. Mas pode ser que exista algo entrelinhas que ele, devido a idade, não é capaz de enxergar. No entanto, siga adianta, o pior que pode acontecer é você se perder entre as frases. Então , sem pressa, retome a leitura, pois o rumo da história você só entenderá no final.

De nomes, máscaras e encontros



Assim foi a conversa hoje com aquele desconhecido que encontrei na rua. Já o tinha avistado algumas vezes caminhando por aqui, mas, até então, acontecia como com qualquer outro transeunte com quem a gente se cruza nos passos rápidos da cidade. Ás vezes há tímidas trocas de olhares, outras vezes um esbarro sem querer, com sorte um "olá" e com bastante frequência uma desumana indiferença.

Enfim, voltando ao desconhecido, que se chama Servin. É um nome persa, disse o Servin e também me contou o seu significado, que já não me lembro mais. O meu significa Alegria, respondi quando ele perguntou o meu nome.

Isso eu só descobri com 27 anos de idade! Talvez seja por motivo desta ignorância de não saber o que meu nome ocultava por detrás de seus letras, durante muito tempo, senti-me perdida e estranha á mim mesma.

Mas o Servin, ah, para ele isso não tem importância, como muitas outras coisas. Mas ele acha importante passear sozinho, pois quando ele está só consegue ver coisas que estando acompanhado não se deixam vislumbrar.

Ele também se preocupa com sua aparência, afinal, de algum modo temos que estar apresentável diante as pessoas. Por isso algumas não só trocam de roupa todos os dias como também de cara!

Ele ouviu dizer que existem pessoas que têm duas caras, uma é verdadeira e a outra é falsa e na maior parte do tempo essas pessoas usam a segunda face por razões de etiqueta. A segunda face fica escondida em algum canto para em algum momento de suas vidas serem usadas.

Algumas pessoas, depois de tantos anos enganando-se a si mesmas, nem sequer se dão conta de que estão com a máscara, as levam como se de uma segunda pele se tratasse, tipo um palhaço que já não sabe diferenciar quando está num picadeiro ou na vida real e sempre sai por aí pintado. Mas pelo menos o palhaço
 faz com que os outros se divirtam um pouco.

Mas quem sabe na hora da passagem se encontram com algum espelho límpido. Sim, porque todos nós algum dia teremos que passar por ali. 
Lembrando do trecho em que ele disse sobre os a capacidade que os médicos daqui tem de extirpar tudo o que eles não sabem curar, pernas, braços, mãos e sabe lá Deus o que mais. Por isso o Servin prefere não se arriscar e não pratica nenhum tipo de esporte.

Ele se despediu e eu fiquei pensando sobre o que tínhamos conversado. Entre a fronteira entre o insano e o verdadeiro, aquele estranho me pareceu bem familiar.

Ets? O que será?

Digo sim, pois já no vejo muita luz no fim do túnel.
O que mais poderia acordar a multidão para tirar seus olhos da televisão?
Só mesmo uma aparição de "outro mundo" para sacudir estas estruturas carcomidas e acordar a Humanidade hipnotizada pela banalidade.

http://eradourada2012.blogspot.pt/2013/02/mude-o-mundo-decidam-se-devemos-ou-nao.html