N´ cio

Os seios que não foram beijados agora arfam no compasso da sua respiração que não é lenta nem acelerada, apenas segue o ritmo exato, dentro... fora. Esses mesmos seios tranqüilos anseiam por lábios quentes e esfomeados, como boca de recém-nascido que está sugando leite pela primeira vez.

Mas nada acontece. Uma pergunta surge neste momento de ócio: pra que tanta carne? Uma carne clara, lisa, macia e jovem. Tudo a caminho do desfalecimento. Mas agora isso não importa, egoisticamente nada lhe importa além do desejo que ela exala. Não exige muito, apenas carícias leves... tão leves que fazem cócegas! Um suspiro no ouvido, dedos nos cabelos.

O sangue que flui não impede o desejo, é um vermelho que incita vida, com um cheiro peculiar de mulher. Esse sangue mancha o lençol, deixa marcas. A fêmea que não se retrai rojando sangue, se dá completamente ao prazer.

Ela mesma se toca, confiante nos seus dedos que mergulham deliciosamente dentro dela, molhados, deslizam sem pudor.. Os dedos são calmos, ternos e experientes, eles não falham.
Os olhos ora se abrem, ora se fecham. Dá vontade de gritar um grito agudo, tão agudo que o ouvido humano é incapaz de captar.

Cada membro do corpo está atento a espera do coito selvagem, bruto. Prazer e dor se misturam. A boca seca enquanto os (pequenos e grandes) lábios se umidecem. Tudo se expande, um pequeno gemido rompe o silêncio, o suor denúncia a força.


Ao fim, aos poucos o rubor da face se desfaz e as batidas do coração se acalmam. Sente com exatidão a dimensão do seu corpo frágil e cansado. Se ajeita na cama feito passarinho no ninho mácio. O cheiro do prazer empregnado em sua pele se espalha no ar.
Ela conhece a cura, quer compartilhá-la, mas a tacharão de louca, maníaca, obssessiva, obscena, desavergonhada. Tudo bem, cada um que procure sua cura!

O sino da igreja trás de volta a realidade, a despertando do sono que se tem acordado. Não toma banho, nem se quer lava as mãos, água só pra beber. Veste as roupas encardidas, prende os cabelos desgrenhados e abre a porta, decidida revelar ao mundo que por detrás daquela aparência tímida há uma fêmea n'ocio.


  • publico aqui outro texto engavetado!

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