Estava no trabalho e como sempre entediada. Através da janela gradeada ela olhou para a rua. Uma giola pendurada no poste chamou sua atenção. Era uma gaiola pequena (apesar de que qualquer gaiola sempre será pequena pra quem está dentro dela) e dentro havia dois passarinhos.

Quis saber o que os pássaros pudessem estar sentindo. Será que estavam sentindo-se aprisionados como ela? Talvez a mesma agonia, sofrendo pela imensa vonatde de voar para bem longe...mas estavam, os três, aprisionados.

Ela iamginou que, se eles pudessem raciocinar como humanos o melhor seria se conformarem com a situação e aproveitar o alpiste e a água que religiosamente nunca lhes faltavam. Além do mais, eles possuíam a vantagem de estarem a salvos de predadores!

Contudo, ela, na sua gaiola, não encontrava razões e nem motivos pra se conformar, além de não estar a salva de qualquer risco mínimo que pudesse surgir.

Mas, e ela? Ela não era pássaro, no entanto estava tão engaiolada quanto eles naquela condição, naquele trabalho, naquela vida medíocre. E pior: estava sozinha, não tinha nem sequer um companheiro ou companheira.

Ela considerou a possibilidade de que, por piedade ou esquecimento, alguém deixasse a portinhola aberta. Então sentiu-se mais triste e desesperada, pois os pássaros não consiguiriam mais voar, pois suas asas estavam atrofiadas.

Continuou refletindo... refletindo sobre sua situação até o dia em que descobriu que sua mente* era, por destino ou casualidade, seu mais cruel cativeiro.


* Na versao antiga havia escrito corpo! Agora percebo o grande equivoco em haver pensado que o corpo poderia ser uma prisao. Posso estar novamente equivocada, mas acho que na realidade a mente é que comanda o corpo.

  • Este texto escrevi um dia em que estava angustiada no trabalho. Naquela época havia trancada o faculdade e voltei pra SP. Minha cabeça estava completamente confusa, nao sabia onde seguir, o que fazer... enfim, uma crise! Tive muito apoio de amigos e familiares! Gracias a todos!

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