Bye Bye Brasil

Aqui estou, Brasília. Foi tudo tão de repente.
A vida é realmente mágica. Nunca imaginei visitar esta cidade.
Cheguei ontem e me sinto em casa. Marina é um Ser iluminado.
Sinto uma paz, uma harmonia, acho que a casa dela é um tipo de universo paralelo:

Todos os dias um beija-flor vem ofertar um espetáculo de beleza e leveza.
A festa nupcial da primavera nas flores do jardim, a cadela Frida, que de tão amorosa até parece um desrepeito tratá-la por cadela.
A Fran, uma maranhense estilo Pocahontas, tímida e alegre, que nos prepara a comida.
Os cristais, as figuras de Krhisna.
Tudo ao redor cria um ambiente acolhedor.
Nada melhor poder sair um pouco de SP antes de deixar o Brasil para renovar as energias.
Eu já estava entrando em parafusos, pois a ansiedade da partida é enorme.
E a vontade de encontrar o Philip já não cabe nos limites corporais, está se esparramando feito copo transbordando.
Até domingo estarei aqui e espero ter boas coisas para contar.
Agradeço a oportunidade de conhecer Brasília através da Marina.

Hare Krhisna Hare Krhisna
Krhisna Krhisna
Hare Hare
Hare Rama Hare Rama
Rama Rama
Hare Hare

O absurdo nosso de cada dia

Também do meu diário de 2005. Na época estava lendo muitas coisas sobre o existecialismo de Sarte e Camus.
Encontrei uma passagem que transcrevi de algum livro que trata da obra de Albert Camus. Infelizmente não anotei o nome do livro, mas pelo menos tenho esta pequena nota:


"Este estado de fusão, de união plena e comunhão é efêmero, pois cedo é o despertar da consciência e com ela o conhecimento e a lucidez;
'Eis que a cortina dos hábitos, a trama confortável dos gestos e das palavras se levanta lentamente e descobre enfim, a face lívida da inquietação.
O homem está frente a frente consigo mesmo.
Desafio a ser feliz. Estabelece-se entre ele e as coisas um grande desacordo.'

O absurdo é cotidiano, só que é preciso tomar consciência dele. O hábito de viver é anterior ao hábito de pensar. Neste sentido a descoberta do absurdo já uma vitória. importa, pois, perseguir essa lucidez."

Parece extranho que o cotidiano leve em si o absurdo, mas é só parar um pouco, respirar e prestar atenção, por detrás desta película invisível do comum e do normal, o absurdo espera.
Ele nos ronda a cada instante, nos persegue, mas não como algo a ser rejeitado. Abraço o absurdo. Talvez assim ele me traga um pouco mais de sentido.



Desejo primario

Hoje, quando fui esquentar leite, ao derramá-lo na panela, fiquei admirada com a brancura e a consistência daquele liquido. E pensei: existem tantas coisas no mundo para serem degustadas, aproveitadas, compartilhadas.
Cogitei a possibilidade de o leite nunca ter existido.Talvez não me fizesse falta alguma, pois eu não posso lamentar o que nunca perdi, mas é aí que está: a existência do leite e de outras coisas, além de me saciar a fome me faz cobiçar coisas além das que já existem. E com isso começo a desejar algo mais.
Não me contento apenas com o leite, quero leite com chocolate, com café, com pão, bolacha, quente, gelado, morno, de caixinha, de vaca e por aí...
O leite foi a primeira coisa que eu desejei, minha primeira cobiça. Depois eu quis dormir, defecar, urinar. O frio foi meu inimigo mais cruel, a fome, a cólica.
Tudo o que temos ao nosso redor nos trás a confortável ilusão de estarmos seguros. Afinal, temos tudo ao nosso alcance.
São tentativas incoscientes para esquecer que a única certeza que temos é que nossas forças se desfazem continuamente, que a morte exige muito mais que a própria vida, sendo a vida uma preparação para a morte.
Daqui da mesa redonda, sentada em uma cadeira dura, ouviando o barulho do tempo se esvair, seguro a xícara que comprei na Espanha com uma reprodução do Guernica, uma boa imagem para o que acabo de pensar.

Texto revisitado de 2005

Festa de Babette - Um artista nunca é pobre

"Na sua fraqueza e miopia o homem acha que tem de fazer uma escolha na vida e teme o risco que corre.
Nós conhecemos o medo, mas não, toda escoha é sem importância.
Chegará a hora em que nossos olhos se abrirão e finalmente reconheceremos que a graça não tem fim.
É só esperar que confiante para receber a gratidão.
A graça não exige nada.
E veja, tudo que escolhemos nos foi dado e tudo de que desistimos nos foi concedido.
Sim, ainda teremos de volta o que jogamos fora.
Piedade e verdade se unem.
Justiça e paz se abraçarão."

Discurso do general durante o jantar

Philip



Mañana de luz tibia y calor tímido.

Otoño: decreptud que adelanta y prepara un nuevo início.

Aquellos caquis dulces anaranjados,
cogidos por tus manos directamente del árbol, me trajeron en la boca el gusto del paraíso.

Poco a poco los nidos de las golondrinas se deshacen, seguiendo la lógica de la vida.

Las hojas caen, sin resistencia al viento y a la gravedad atraente, con la consciencia tranquila, pues saben que su papel ha sido cumplido.

Ensinan silenciosa y humildemente algo de lo que los Hombres olvidaron.

Yo, dejo el outoño, como los pajaros, voy en tu dirección, para el calor de tu afecto.